segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Agenda

E para aquela manhã ela não programara o despertador. Queria acordar sozinha para ficar com cara de quem dormiu bem, cara de quem está descansada.
O hábito, porém, fez com que acordasse no mesmo horário e bem feliz.
Como não tinha agendado nada de importante pela manhã tomou calmamente o café e leu alguns cadernos do jornal.
Foi para o escritório cantando no carro.
Normalmente deixava em um rádio qualquer enquanto se ocupava em gritar com todo mundo no trânsito, mas hoje não, hoje tivera tempo de escolher um CD.
Na hora do almoço fez as unhas e comeu uma saladinha, rápido mas saudável, para não ficar com cara de esfomeada.
Durante a tarde entre um documento redigido e outro pensou em que roupa poria.
E se estivesse frio? Mas estava tão quente.
A bolsa ia parecer grande demais. Sandália ou um sapato fechado? Frio no pé é igual a frio por toda parte.
Quase cinco horas e o relógio pareceu mais preguiçoso. Arrastando-se em uma dança disforme, sempre em círculos.
Quase seis horas uma chamada apressada, sem fôlego, sem tempo para lamentos:
- oi amor, desculpe, mas não consigo sair dessa reunião chata pro nosso jantar, depois a gente se fala e marca outro dia, ok?
- ok
Nunca sabemos o que nos espera do lado de lá. Por isso tanta gente ensina a não esperar nada.
Ela voltou para casa. Unha feita, fome, sem graça. Tomou um banho, deixou a TV ligada em um barulho qualquer e, antes de pegar no sono, programou o despertador.

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