quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tamantuante - O que fazemos


Há uns três anos, minha primogenita foi com a escola até o Zoológico.
Esses passeios educativos sobre os quais não quero tecer considerações agora.
Levou um boné, uma mochila com guloseimas, água incluída porque é a única bebida que lhe apetece, algum dinheiro e sua empolgação.
Quando cheguei do trabalho, à noite, ela estava meio abatida e me contou:

- Sabe mãe, o passeio foi legal, mas não gastei bem o meu dinheiro. Eu comprei salgadinho, depois um sorvete, bicho no pote, uma oncinha de pelúcia para a minha irmã, mas na volta, na hora de ir embora, eu vi um tamanduá de pelúcia e não pude comprar
- Ah, é? E era bonito?
- Lindo! Mas custava R$ 35,00 e eu já não tinha tudo isso. Pedi emprestado para meus amigos, ninguém tinha, pedi para a professora, mas ela disse que não podia, porque aí todo mundo ia querer e tive que deixá-lo lá
- Um dia desses vamos até lá e você compra
- Ah, tamanduá não é bicho que se faça tantos, acho que vai acabar

Dormiu. Dia seguinte de manhã, tamanduá. À noite quando voltei, tamanduá.
No meio da noite, resmungando, pensei que queria água e estava sonhando... com tamanduá!
Dia seguinte, entre um email e outro, um telefonema e outro, uma aprovação de peça e outra, uma reunião e outra, busca na internet pelo telefone do zoológico:

- alô, é do zoológico? você tem o telefone da lojinha? ah, não tem telefone lá? e como faço para falar com alguém de lá?

Fui instruída a ligar daí uns quinze minutos, que alguém iria chamar a moça.

- Oi, ainda tem um tamanduá de pelúcia?
- Na loja não, mas vou ver no estoque, pode ligar daqui uma meia hora?
Mais meia hora.
- E então?
- Ah, sim tenho um.
- Pode reservar para mim?
- Ah, isso não posso não
- Apenas por uma hora. Vou pedir que um motoboy vá buscá-lo, por favor, pode ser?
- Está bem, não tem muita gente hoje

Instruções para o Motoboy: na portaria do zoológico, diga que vai buscar o tamanduá, de pelúcia, o da lojinha... O nome da moça é... Eles o deixarão entrar sem pagar só para retirar a encomenda.
Quase uma hora depois toca o celular:
- não tô conseguindo entrar não
Outras tantas ligações depois, mais uma hora de espera e o Motoboy me aparece com o tamanduá em uma sacolinha de plástico.
Cara de assustado de um, cara de é coisa de mãe do outro!
Eu feliz. Paguei pelo tamanduá, paguei pelo motoboy, trabalhei até mais tarde, mas quando cheguei em casa com esse carinha aí da foto, nenhum dinheiro do mundo pode pagar o brilho dos olhos e o abraço apertado, não em mim, no fofo...

- Tamantuante, é você, eu estava esperando você!

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