Eu o vi na fila para receber a comunhão cristã, a hóstia sagrada, da missa da noite do domingo.
Não precisei mais do que um segundo para saber que estava embriagado.
Alto, magro, não sei quantos anos, mas não muitos, entre 50 - 55. Não sou boa nisso.
Um blusão escrito São Paulo atrás, mas não me convenceu de que fosse o seu time do coração.
Barba por fazer.
Manteve-se na fila e vi o padre lhe dispensar um olhar diferente, mas não fez nada além disso.
Tratou-o como qualquer outra pessoa da fila e seguiu seu ritual.
Ele saiu pelo corredor lateral e pude vê-lo de frente.
Alguém, além de mim, sofreu sua dor naquele momento? Acho que não.
As pessoas embriagadas despertam em mim comiseração. Não os bêbados de balada. Não os bêbados do futebol. Não os bêbados da faculdade.
Os embriagados das igrejas e das casas silenciosas, recolhidos em sua dor.
Ajoelhou-se atrás de uma pilastra, não muito longe de onde eu estava e com gestos suaves parecia conversar com um Deus mais que presente.
Depois, ficou por ali esperando a missa acabar e deixei-o ajoelhado no nicho de São José, orando uma oração infinita.
O frio do domingo à noite é diferente para quem tem uma segunda-feira para recomeçar.
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