terça-feira, 20 de outubro de 2009

Casa de Boneca


Quando minha irmã Lucinete se casou a casa dela me encantava!
Tudo era novo e limpo e organizado. Para mim era uma grande casa de boneca.
O que eu nunca tive porque me interessava mais o carrinho de rolemã do meu irmão, um pneu rodado no asfalto (quando meu pai não estava!) e caminhos de terra com piche, que pedíamos aos homens que asfaltavam a rua de cima.
Era uma casa silenciosa, cheirosa, não que a minha não cheirasse bem, mas era um cheiro conhecido demais e silenciosa, bem, isso nunca foi. Por minha culpa, minha tão grande culpa.
Eu olhava, admirava e achava ainda mais bonita a minha irmã dona daquela casa toda.
Preparando coisas, arrumando coisas, casa dela, só dela.
Sem contar que eu adorava visitá-la porque era meu primeiro "parente" na cidade a quem eu podia visitar. Apesar de sermos parte de uma grande familia com muitos tios e primos, nunca moramos muito perto e eu admirava meus amigos que vez ou outra estavam na casa dos primos, na casa da avó, na casa da madrinha e então, chegou a minha vez, eu estava na casa da minha irmã.
O pão fresco, casca morena e crocante, com excesso de amendocrem era um lanche de sonhos!
Na despedida, minha irmã ficava no portão, me dava um beijo no rosto, despenteava meu cabelo e, talvez sem saber, com esses gestos simples me preparava para entender que a vida é feita de pessoas que vivem perto e outras que vivem distante, mas que o amor não conhece esses limites.

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