Mas às vezes não conseguimos ver porque estamos ocupados em observar os outros.
E mais não posso dizer.
Há os que são felizes em suas casas de alvenaria sem pintura alguma. Mas há churrasco no final de semana, a música alta assusta e incomoda os incautos.
Há os que são felizes em seus quartos protegidos da luz por pesadas cortinas sem um único grão de poeira.
Há os que viveram aqui e lá e não sabem muito bem o que aprenderam de um contexto e outro.
O almoço foi em um restaurante muito simples, daqueles que nos obriga a desfilar uma bandeja em frente de pratos que se oferecem sem marketing algum.
As mesas apertadas, as meninas do atendimento simpáticas, a comida gostosa, nada de especial.
Mas não vejo alguns amigos dispostos a entender esse universo.
Brinco com a convidada a respeito do glamour que inexiste. Menciono que dispensei meus seguranças porque, afinal, foi só atravessar a rua.
Seus olhos azuis, lindos em seu rosto de boneca, me fitam com simpatia.
E falamos de trabalho, de comida, de crianças, de bichos de pelúcia e de repente ela comenta:
- meus pais tiveram momentos de extrema dificuldade financeira e minha mãe brinca, dizendo que eu só sabia o que era fralda descartável e papinha de potinho quando fazíamos a longa viagem do Mato Grosso do Sul, onde nasci, até São Paulo.
O topo do mundo estava bem embaixo dos pés dela, que não renega a sua história e deve ser feliz, tamanha a leveza com que narrava o que foi pesado mas que, definitivamente, não deformou os pés na caminhada.
Tudo se aprende com a história das gentes!
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