quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Onde andará Davi?

De Castro. Era esse o nome dele. Por quatro anos estudamos juntos em Tupã.
Correção: por quatro anos disputamos atenção e performance.
Da primeira a quarta série primária. Excluindo Dona Terezinha, minha primeira professora, que era alheia a essa disputa todos acompanharam.
Eu não me lembro que nota o Davi tirou quanto eu me acabei de chorar, sozinha, no caminho de volta para casa, com o meu 98 vergonhosamente ajeitado dentro da pasta escolar.
Mais que eu não foi porque essa foi a maior nota da classe, a professora deu parabéns, mas se valia 100, como me contentar com 98?
No segundo ano a disputa acirrou-se. Ele era o preferido da professora e não importava por quanto tempo eu ficasse com o braço levantado para responder uma questão, ela sempre me ignorava e perguntava a qualquer outro. Mas de cinco vezes, em quatro era o Davi que respondia, de pé, imponente, para depois me olhar de rabo de olho.
Era o mais velho de quatro irmãos ou três? Depois, já no quarto ano, a mãe teve uma menina, felicidade geral. Mas não importa, me lembro bem dos meninos, tão iguais, apenas menores em sequência, poderiam passar por um conjunto de bonecas russas. Matrioska, matriosca, matrioshka, matriochka, matrioschka ou matryoshka, nossa! Um brinquedo tradicional da Rússia, constituído por uma série de bonecas feitas de diversos materiais, ainda que o mais frequente seja a madeira, que são colocadas umas dentro das outras, da maior até a menor, a única que não é oca! Apesar de ser o maior, ele não era oco, nenhum deles era.
No terceiro ano disputávamos a leitura das composições e a batalha ficou mais equilibrada. A professora entendia nossa aflição e depois fizemos um acordo, ela nos pediu que incentivássemos os outros alunos a ler os seus trabalhos, porque nosso comportamento acabava inibindo os outros e isso nos uniu.
Ele era bom. Ele era muito bom e isso me estimulava a ser melhor.
Além do mais ele era bem parecido comigo, magrinho, de canelas finas, e em boa parte do tempo, banguela e sardento como eu, menos que eu, mas sardentinho... Eu me lembro! Onde andará Davi de Castro e seus irmãos?

2 comentários:

  1. Faz tempo que não faço nenhum comentário, porque me falta o tal do "tempo". Embora nunca deixe de ler um só post do seu blog.
    Exceto pelas lembranças do Nordeste, tem muita coisa que você escreve, que me lembra coisas que eu vivi, ou como eu era quando era criança (competitiva, cdf, etc.).
    Mas dessa vez a história é tão peculiar que não pude resistir. Sabia que eu tenho um Davi? Alguém com que competi na escola, nos debates quando a sala era dividida em 2, tinhamos de ficar cada um de um lado, porque segundo a professora seria injusto com os demais. Era pior, o debate era só de nós dois. Depois nos unimos e ficamos muito amigos.
    O mais incrível é que os anos passaram eu casei, separei, e achei que nunca mais seria feliz,então, reencontrei o meu Davi.
    Casei com ele, e dessa união tão maravilhosa veio o Denis (a ordem não foi bem essa...rs..).
    A diferença é que meu Davi chama Rogério :) Bjs

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  2. que história mais linda! você já nasceu especial, beijos

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