sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Paçoquinha

Quando eu tinha 4 anos morava em Osvaldo Cruz.
Em uma casa com varanda, com um caminho que dava para um portão pouco depois de alguns degraus.
Havia uma árvore com flores pequenas e rosas, lindas, que não sei como se chama e que era a alegria das formigas saúvas e essas, o desespero da minha mãe.
Eu adorava vê-las em fila, disputando forças pelo tamanho dos pedaços de folhas que conseguiam carregar.
Em noites de verão nos sentávamos na varanda para conversar.
Nem sempre meu pai estava porque viajava muito mas, em casa, poucos sempre pareceram muitos porque sempre tínhamos muitas histórias para contar.
E, pouco antes delas começarem, eu atravessa a rua, dobrava a esquina e comprava, no armazém, uma paçoquinha.
Hum... minha boca enche d´água até hoje.
O dono do armazém, de quem já não me lembro o nome, apelidou-me paçoquinha e por muito tempo eu cumpri esse ritual.
Até que um dia eu tive um sonho. Um sonho não, um pesadelo.
Sonhei que o dono do armazém estava sentado em nossa varanda, em nosso banco e pasmem, minha mãe estava sentada no colo dele, apenas de saiote e sutiã. Saiote naquela época fazia parte das roupas íntimas.
Acordei assustada, preocupada, olhava desconfiada para minha mãe e nunca mais, sozinha ou acompanhada, eu entrei naquele armazém.
Logo nos mudamos de cidade e voltei a comer paçoquinhas, compradas no armazém do Seu Toninho, que merece um post qualquer dia desses, até porque, nunca, nunquinha invadiu os meus sonhos com essas perturbações!

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