Faço parte do segundo grupo. Eu sei que a tempestade que está por trás ou na frente deles causam danos, tragédias, entristece muita gente. Mas o mesmo acontece com a linda exibição de um vulcão em erupção, com as ondas indomáveis de um tsunami.
Bandeirantes ontem a noite. Além da luz dos meus faróis e dos outros apressados, raios rasgavam o céu.
Um espetáculo maravilhoso. Pedaços de luz iluminando objetos que nunca observo.
Um cone. Um pedaço da murada de concreto iluminada por segundos como na montagem de um filme.
Uma sacola perdida de seu dono, esperando o moço de laranja na manhã seguinte com seu esquisito objeto de madeira e ponta de metal. Voava desesperada prevendo seu futuro sendo rasgado pelo moço da limpeza.
Meu pai tinha medo de trovões e relâmpagos. Mas eu só soube disso quando já era adulta, confidenciado por minha mãe em um sussurro como quem não quer manter o segredo, mas também não quer dividir com ninguém. Afinal, como é que o meu herói podia ter medo de alguma coisa?
Entre uma rajada e outra, a lembrança mais doce é a da minha tia que já está por lá, acalmando a sua pequena assustada:
- não precisa ter medo dos relâmpagos, é papai do céu tirando fotos com flash dos anjinhos dele que estão aqui na terra...
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