Gosto das pessoas, de estar com as pessoas, de escrever cartas, bilhetes, emails, recados em todo lugar, mas não gosto do telefone.
Tenho um aparelho bacana, mas quase mudo. E quando ele toca, me dá um frio na barriga.
Quando não toca, fico ensimesmada, achando que não se importam comigo.
Eu com ele, eu sem ele, nós quatro...
Fico prorrogando a chamada, mas atendo no primeiro toque.
Se não há expectativa, não há decepção.
- alô...
- é a lusia?
- sim, sou eu
- então, o damaceno falou que não dá pra compra o carro agora não
- que damaceno? que carro?
- não é a lusia?
- sim, mas deve ser outra
- outra lusia?
- é, deve ser outra porque não sei de nada disso
- ah, fia, desculpa, então chama ela aí pra mim... o damaceno...
Santo Deus... se eu não tivesse atendido não teria sido uma ligação perdida.
Não para mim.
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