segunda-feira, 29 de março de 2010

Nem sonho, nem pesadelo

Nem ventava.
Um calor. Mas um calor danado!
Um céu azul, mas tão azul que doía os olhos.
Um silêncio grande. Mas um silêncio tão grande que ocupava todo o espaço da cabeça.
Nem um zumbido de ouvido ruim ou de inseto.
A vegetação baixa até se mexia, mas sem barulhar.
Uma vastidão.
Uma quietude.
Um vazio naquele campo que abraçava para confortar, mas ao mesmo tempo indicava que tudo ia mudar.
Foi assim que me dei conta de que meu amigo não ia mais voltar.
Um passeio meio sem nexo, interior do Paraná, algo como depois do Natal e antes do Ano Novo. Pessoas que não conhecia, primos e primas da amiga que dividia comigo a imponderável morte do amigo jovem.


Agora, 22 anos depois sonho com eles.
Minha teoria fugidia de que ele apenas se cansou de nós, da faculdade, do trabalho, da família e desapareceu em algum lugar do vasto mundo.
Eu, surpresa com o reaparecimento dele, enquanto ela me explica entredentes...

- ele foi para os EUA, ficou lá quase esse tempo todo e agora voltou, trabalha na Telefonica, mas não sei se vai querer falar com a gente...


Meu Deus, o que será que tem ainda soterrado em minhas conexões?

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