quarta-feira, 17 de março de 2010

Dia do Vento

16 de março, dia do vento.
Depois que as crianças saem para a escola, me preparo para sair.
O vento sacode as árvores lá fora, de um jeito mais forte. Quer me recomendar que leve um casaco.
Debocho dele, olhando o céu azul tentando disfarçar um cinza-vento.
Mas não é um deboche que tire o humor do vento, é uma brincadeira já combinada entre nós.
Ele sabe que quando sopra perto de mim me deixa com frio mesmo com um calor de 40 graus.

Na estrada tento adivinhar a velocidade com que ele me acompanha, medindo a dança das árvores. Folhas secas que me acompanham por um trecho da estrada e depois desistem, acenando, vejo tudo pelo retrovisor!

A manhã passa amputada de vento, caverna branca e silenciosa dominada pelo ar condicionado que não permite o luxo de ventar.

Na hora do almoço. Vento da Paulista. Muitas eras se misturam. Era em que andava de havaianas nas tardes de domingo procurando um cinema com filme interessante. Era em que ia apressada a reuniões no número 352 e que agora revisito, já descompromissada, almoço de relembrar. E lá está o vento da Paulista me lembrando que devo cortar o cabelo.

Quase chegando em casa e esquecida do vento, ele me surpreende forte e gelado no posto de gasolina.
Se há céu e inferno para ventos, os postos de gasolina hão de ser o inferno. Os ventos que habitam os postos são maus, frios, não querem graça com ninguém, não estão ali para agradar.

Em casa, crianças se preparando para dormir, o vento se acalma, hoje não vem assustar com seu assobio zombeteiro de menino mais velho.
E depois, quando me sento para o jantar, o meu amor comenta casualmente:

- hoje ouvi uma música interessante, que não conhecia, Vento no Canavial, e procurando a letra na internet, lê para mim enquanto decido que dia 16 de março é, para mim, o dia oficial do Vento!

Vento no canavial
Sopra uma saudade assim
Vento que vem pra contar que você não gosta mais de mim
Vento vem contar mentira
História que ouviu além
Vento que não guarda nunca o segredo que contou alguém
Vento no canavial
Sopra uma saudade assim ...
[Mariana Aydar]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.