Recebeu a notícia como quem já sabia e se comportou bem.
Por um tempo que pareceu interminável manteve um sorriso leve no rosto.
Depois desabou e chorou tudo o que estava acumulado.
Depois as horas foram escorrendo pelos relógios e o coração acertou o compasso.
Recebeu a notícia com a surpresa dos que vivem em outro mundo.
Por um tempo que pareceu interminável apertou as mãos, balançou os pés, escancarou um sorriso.
Depois gritou de alegria e rodopiou como se alguém lhe tivesse dado corda.
Depois as horas foram escorrendo pelos relógios e o coração acertou o compasso.
Entre o riso e o choro, extremos de calmaria.
Entre o medo e a alegria, um coração que comanda o fígado.
Entre os dedos que apertam marcando as palmas das mãos com unhas fortes, anéis inquebráveis.
Depois as horas foram escorrendo e ficaram fotografias em máquinas digitais.
Não há mais papel.
Não há mais nada entre os extremos a não ser uma espera que não antecipa.
Rabiscou em um pedaço de papel o trecho da velha canção... nem um santo tem pena de mim...
E riu de si mesmo enquanto as horas escorriam.